sábado, 14 de novembro de 2009

Do triste fim de Alberto Cigano ou Ripples never come back

"Se Deus existe, Ele o abençoou com O Sexo, na literatura e no pau."
- Margareth Feijó, sobre suposto caso com Cigano, 1970.

"Cigano, anjo de dúvida, amargura do meu triste trópico."
- Dedé Schinneider, Ilha da Punheta: sobre a poesia do 1º Cigano, São Paulo: Ática, 1986.

"Uma vez, após uma noitada nórdica, eu perguntei quem ia pagar a conta, e ele respondeu: 'Tua mãe Pedro, que ela tá me devendo da vez que eu comi aquela vaca velha!'. Ele era assim, um tremendo filho da puta."
- Pedro Noiado, discurso no velório de Cigano.

"O cara é muito foda."
- Antonio Candido, nota escrita à mão em um exemplar de Seulement Picarianismo, 1984.

"Cigano, mi soledad florece.
ah, beber tua boca na minha taça
de gardênias, Cigano, deus-cadela
- manhosa que só ela."
- Soberba de la Flor, A Origem da Tragédia, 1979.

"Ele veio me perguntar se eu já tinha lido The Anxiety of Influence, e eu o mandei à merda."
- Heitor de Albuquerque, entrevista à Veja, 1991.

"Veja Cigano, por exemplo: nele encontramos aquilo que há de mais picariano, essa morbidez crítica de se saber eternamente latinoamericano."
Chico Goldmann, O Picarianismo como vontade & como representação, 1990.

"Conheci Alberto como se conhece os maiores mestres: vendo filme de putaria."
- Pedro Gabriel Ferreira, comentando a videografia pornô dirigida por Cigano, 1997.

"Quem tira onda é eu."
- Alberto Cigano, Mulheres de minha vida, 1965.

domingo, 8 de novembro de 2009

Luto

É com grande pesar que informo que morreu ontem, aos 64 anos, o poeta Alberto Cigano.

O corpo foi encontrado jogado na sala de seu apartamento em Itamaracá-PE, junto com uma garrafa vazia de Gim, 5 garrafões vazios de 5 litros de Carreteiro, 7 carteiras vazias de cigarro Hollywood verde e duas carreiras de cocaína não-cheiradas.

O poeta não mantinha mais contato com quase ninguém, além do seu velho amigo Pedro Noiado. Bastante triste, o amigo disse que Cigano andava muito decepcionado com o mundo: “Ele me ligava bêbado no meio da madrugada dizendo ‘Pedroca, finalmente caí na real, Lennon tava certo, Zappa tava certo, Heitor tava certo, porra, até Nietzsche tava certo, só aquele alemão barbudo feladaputa tava errado, caralho!’”.

Contudo, Noiado afirma que nos últimos dias Cigano aparentava estar um pouco mais animado, já que os dois estavam organizando um novo livro de poemas, já em fase de pré-publicação. “Era um projeto muito bom, como há muito tempo não víamos acontecer por aqui em Recife”, disse Noiado. Este afirma não saber se algo aconteceu para que Cigano tivesse entrado em depressão.

A causa da morte ainda não foi oficialmente confirmada, embora tudo leve a crer que se trata de uma overdose de vinho barato.

Junto com o corpo foi encontrado fragmentos do novo livro que estava escrevendo com Noiado e um roteiro já pronto de um filme pornô, provavelmente sua nova produção como diretor.

O Macaxeira Semiótica termina este triste post com o seu poema favorito de Cigano:

Autobiografia

Meu avô bordava rostos de Cristo em toalhas de mesa.

Minha avó bebia cachaça e ia jogar na roda de capoeira.

Dessa mistura improvável veio eu, tosco e mágico, feito chocalho de pajé.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Esta primavera não é

nenhuma Soberba que se cheire.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Premissas

.Oferta, a deslumbrante queimadura do sono

.Elevar o escatológico ao escatológico

.Nunca me chame pelo nome se não for
um nome de medo

.Casa Grande & Senzala

(Pós)Picarianismo ou Da eterna querela entre antigos & modernos

"Ter destino é não caber no caber no próprio berço."
Chico Goldmann, O Picarianismo como vontade & como representação. In: Tempo Picariano, n.16, 1990, p. 267-299.

"...lavemos o rosto no futuro, que o céu é sucessivo."
Soberba de La flor, O Primeiro Caderno de Poesia da Aluna Soberba.

"O problema todo é que ninguém me perguntou que ramo das devassidões eu prefiro...[risos]"
Dedé Schineider, entrevista à Playboy, julho de 1989.

"Mas uma geração não tem tempo de sozinha queimar todas as gravatas."
Alberto Cigano, Epístolas Subcutâneas - A correspondência íntima de Alberto Cigano e Margareth Feijó (1962-1970).

"Fato é que jamais declino de amar o espaço machucado."
Heitor de Albuquerque, Mémoires.

“Aos epígonos não têm ficado mais que encarniçar-se em demolir o que já está em ruínas. Eu quero ver é cosmogonia.”
Anônimo, Manifesto Picariano, 2ª edição revista e ampliada.