domingo, 8 de novembro de 2009

Luto

É com grande pesar que informo que morreu ontem, aos 64 anos, o poeta Alberto Cigano.

O corpo foi encontrado jogado na sala de seu apartamento em Itamaracá-PE, junto com uma garrafa vazia de Gim, 5 garrafões vazios de 5 litros de Carreteiro, 7 carteiras vazias de cigarro Hollywood verde e duas carreiras de cocaína não-cheiradas.

O poeta não mantinha mais contato com quase ninguém, além do seu velho amigo Pedro Noiado. Bastante triste, o amigo disse que Cigano andava muito decepcionado com o mundo: “Ele me ligava bêbado no meio da madrugada dizendo ‘Pedroca, finalmente caí na real, Lennon tava certo, Zappa tava certo, Heitor tava certo, porra, até Nietzsche tava certo, só aquele alemão barbudo feladaputa tava errado, caralho!’”.

Contudo, Noiado afirma que nos últimos dias Cigano aparentava estar um pouco mais animado, já que os dois estavam organizando um novo livro de poemas, já em fase de pré-publicação. “Era um projeto muito bom, como há muito tempo não víamos acontecer por aqui em Recife”, disse Noiado. Este afirma não saber se algo aconteceu para que Cigano tivesse entrado em depressão.

A causa da morte ainda não foi oficialmente confirmada, embora tudo leve a crer que se trata de uma overdose de vinho barato.

Junto com o corpo foi encontrado fragmentos do novo livro que estava escrevendo com Noiado e um roteiro já pronto de um filme pornô, provavelmente sua nova produção como diretor.

O Macaxeira Semiótica termina este triste post com o seu poema favorito de Cigano:

Autobiografia

Meu avô bordava rostos de Cristo em toalhas de mesa.

Minha avó bebia cachaça e ia jogar na roda de capoeira.

Dessa mistura improvável veio eu, tosco e mágico, feito chocalho de pajé.

Um comentário:

  1. continue brilhando, poeta! meu próximo cigarro vai ser em homenagem a vc!

    sua sobrinha,
    Popó.

    ResponderExcluir